sexta-feira, 27 de abril de 2007

Paul do Boquilobo

Localizado na região de Lisboa e Vale do Tejo, distrito de Santarém, concelho da Golegã, a cerca de 5 Km a SO desta vila. Este paul, com uma área de 529 ha, está situado na margem direita do rio Tejo, numa área de extensa planície de aluvião entre os rios Tejo e Almonda.
A área apresenta várias valas, formando uma intrincada malha que, em conjunto com o rio Almonda, confere à área uma elevada variação do nível da água ao longo do ano. Nas zonas mais interiores, alagadas na maior parte do ano, existem extensas galerias de freixos (Fraxinus angustifolia) e salgueiros (Salix alba e Salix atrocinerea). Nas zonas mais encharcadas destaca-se o golfão-branco (Nymphaea alba), a espadana (Sparganium erectum) e, numa área diminuta, o caniço (Phragmites australis) e o bunho (Scirpus lacustris).
Desde há muito tempo, esta zona húmida tem sido um importante depósito de aluvião da bacia do Tejo, representando uma fonte de riqueza da região, nomeadamente pela prática de actividades agrícolas.
O Paul do Boquilobo a
lberga uma importante colónia de garças: a garça-boieira (Bubulcus ibis), a garça-branca (Egretta garzetta), o goraz (Nycticorax nycticorax), que na época de nidificação, Março a Junho, atinge o número de alguns milhares de indivíduos. Outras espécies que nidificam em menor número são a garça-vermelha (Ardea purpurea) e espécies ameaçadas em Portugal, como o garçote (Ixobrychus minutus) e o papa-ratos (Ardeola ralloides). Destaca-se também a presença do colhereiro (Platalea leucorodia), por representar 90% da população nacional. É ainda de salientar a nidificação irregular de gaivina-dos-pauis (Chlidonias hybridus), a presença da águia-pesqueira (Pandion haliaetus), espécies raras no nosso país.
Durante a migração outonal de passeriformes transaarianos, o Paul do Boquilobo é um local importante, assim como, é uma das principais áreas nacionais relativamente à alimentação e repouso dos anatídeos: o arrábio (Anas acuta), o zarro-comum (Aythya ferina), a marrequinha (Anas crecca), o pato-trombeteiro (Anas clypeata), a negrinha (Aythya fuligula), entre outros que, de Novembro a Fevereiro, nele se refugiam fugindo aos rigores do Inverno noutras paragens.
Quanto à restante fauna, salienta-se a presença de lontra (Lutra lutra), rã-ibérica (Rana iberica), cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) e, entre os peixes, a boga-portuguesa (Chondrostoma lusitanicum) e o ruivaco (Rutilus macrolepidotus).
Actualmente, o Paul do Boquilobo sofre enormes agressões vindas do exterior. Problemas como os efluentes industriais, a expansão de espécies aquáticas infestantes, a regularização dos níveis de água para efeitos agrícolas representam, entre outros tantos factores, uma influência negativa no volume, na qualidade, tanto da água como da vegetação aquática, e na tranquilidade do local, condicionando portanto a presença e a nidificação das aves.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá! Fico contente com a concretização da visita ao Boquilobo. Eu tenho fotos e informação para colocar sobre a Ria Formosa e sobre Doñana...penso que ainda se vão antecipar...!